domingo, 17 de junho de 2018

FOLHEANDO COM O POETA CÉSAR WILLIAM


O peta César William ao microfone
falando durante um evento ocorrido na
escola em que é diretor.
César William nasceu  em São Luís em 1967. Estreou na literatura em 1988 com o livro de poemas "O errante". Ao longo de sua trajetória como escritor, participou de várias antologias poéticas. É professor, autor de ensaios, crônicas, contos... Já atuou como radialista e escreveu para vários jornais de grande circulação no Estado.



César Wlliam, Professor e poeta. Como surgiu o ser poeta?

A poesia me vem das coisas desencontradas que se encontram em mim, de uma solidão antiga que me fez amadurecer mais rápido que as crianças da minha época. Cresci presenciando o filosofar do meu pai, pedreiro, homem simples, mas de grande sabedoria, um ambientalista, ativista sem se dar conta do que é e do que fez em mim. Quanto aos livros, desde cedo fui cercado pelos grandes clássicos da Literatura estrangeira, nacional e maranhense. Tive a sorte de ter uma madrinha que adorava leitura, artes, cultura, Aricéia Moreira Lima.

Professor, fale nos de sua experiência com a literatura e dos poetas que contribuíram para o seu amadurecimento como escritor.

É uma experiência de sofrimento, de alegria e de  mistério, porque não posso me desassociar do ato de escrever, mas geralmente finjo para mim mesmo que me contento com o banal. Foram os geniais Fernando  Pessoa, Drummond, Florbela Espanca, Nauro Machado, Ferreira Gullar, Walt  Whitman, Emily Dickinson, Neruda, Mário de Sá Carneiro, Bandeira Tribuzzi, José Chagas, Salgado Maranhão, Paulo Leminski, Dostoievski... que me avessaram. Faço questão de misturar os maranhenses com os estrangeiros, pois quando os leio abasteço-me de uma vitamina que me atira para as laudas, aí, percorro trilhas e trilhas, perquirindo veredas mil.

Além de livros de poesias você já publicou livros voltados ao ensino do conteúdo da disciplina de Língua Portuguesa e de apoio ao professor. Quando sai uma nova publicação?

Estou em uma fase boa. Não me preocupo com publicações, mas em breve, ainda este ano publicarei. Como disse Manoel de Barros, "ser poeta é voar fora da asa". É isso que faço. Hoje opto por poemas mais sintéticos, busco apresentar uma sofisticação em que a logopeia e a fanopeia se desmancham em um armazenamento de ecos e cores, valendo-me do cotidiano, no assombro do que vejo nas pessoas ou nas coisas ou no sossego da esperança.
Escrever poemas para mim é um exercício que já não é só uma questão de "treino", mas de meio, um meio para eu chegar ao meu inteiro.

Gonçalves Dias Sousândrade e outros poetas geniais deram a São Luís o status de Atenas Brasileira. São Luís ainda é a Atenas Brasileira?

São Luís é uma mina de poetas. Isso não acabará nunca, porque a poesia que inunda nossos poetas é um ente que sempre está pedindo morada. Quanto ao título, é preciso que haja organização em torno do fazer literário. Somente organizados poderemos continuar com a tradição.

Há 30 anos a internet não tinha o poder que tem hoje, com suas redes e ambientes virtuais onde qualquer pessoa pode se fazer escritor nas horas vagas e ter contato com a escrita de outros milhares de escritores iniciantes. Como você ver isto?

Há barrismos, igrejinhas e muita confusão entre a verdadeira literatura e a literaturice que banaliza o ato de escrever, porque muitos ficam entre o fútil e o fácil.

O FEMA é um grupo criado em janeiro deste ano, o mesmo objetiva reunir escritores iniciantes de todo o Maranhão para discutir a literatura maranhense e incentivar a escrita em todas as suas modalidades. Estar surgindo uma nova geração de escritores aí?

Uma nova geração de escritores, não, um novo movimento que pode fazer com que novas e velhas gerações venham interagir. Pode ser que nomes sejam revelados, como o meu.

Por último, que conselho você daria aos escritores iniciantes que almejam evoluir e tornar-se escritores maduros?

Leitura, leitura, leitura, leitura, vorazmente leitura. LEITURA DOS BONS. 





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