quarta-feira, 25 de julho de 2018

Palavras duras


Palavras duras são pedras
com as quais erguemos muros,
construímos barreiras,
fechamos portas,
obstruímos saídas.



São pedras com as quais quebramos espelhos,
destruímos pontes,
rompemos laços,

edifício do amor,
fino cristal  que é a amizade
e a cumplicidade
deixamos em pedaços.

Autor: Adão Brandão


quinta-feira, 5 de julho de 2018

Bráulio Bessa, por acidente

Bráulio Bessa declamando um de seus cordéis no Programa
Encontro com Fátima Bernardes da Rede Globo.
A poesia do poeta Bráulio Bessa é mais conhecida e reconhecida pelos brasileiros do que a poesia de Carlos Drumond de Andrade, de Manuel Bandeira, de Ferreira Gullar, de Cecília Meireles e outros monstros da literatura nacional que se destacaram neste gênero.

Certamente não estamos diante de um novo Camões. Estamos, sim, diante de um fenômeno chamado mídia, com seu poder de criar imagens, de influenciar a opinião pública e de transformar tudo em ouro num passe de mágica. Muitos pseudos artistas e anônimos, quase sempre sem talento algum para o que se propunha fazer, já alcançaram reconhecimento e galgaram fama através da mídia.

Por acidente, esta mesma mídia nos presenteou com Bráulio Bessa e sua poesia. Os mesmos canais de comunicação que lançam músicas que não são músicas, cantores que não são cantores, levou ao grande público um poeta do povo e o poema de cordel que é a mais autêntica expressão da identidade do nordeste brasileiro. Graças a este feliz mal entendido, os jovens e as crianças estão tendo a oportunidade de conhecer e apreciar a beleza desta arte, tão marginalizada. Pela primeira vez na época da televisão e da internet, a poesia consegue um espaço na mídia em meio a tantas coisas sem nenhum valor estético.

Precisamos de mais poetas na TV para mostrar às novas gerações o que é arte. Para elevar a poesia ao patamar que ela merece e revelar artistas, que não necessitam de visibilidade e apelos para nos convencer de seu talento. Nem a poesia nem o poeta necessita da mídia para se afirmar. A poesia é arte e o poeta é um artista. Ambos necessitam dela para alcançar as pessoas. Muitos poetas hoje consagrados não tiveram nenhum reconhecimento em vida. Foram artistas anônimos. Não contaram com a ajuda de um meio de comunicação de massa para se tornarem artistas. Isto prova que o poder da mídia reside na sua capacidade de vender perfis, seja de gênios ou de pessoas que não têm dotes artísticos.


Os famosos da atualidade não são poetas, não são grandes músicos nem grandes cantores, são projetos midiáticos. O que lhes sustenta não é o seu talento e a sua criatividade, e sim os holofotes de uma mídia que transforma qualquer um em estrela. O que mais impressiona em tudo isto não é a forma como são criados os personagens que carregam o rótulo de grandes de artistas, mas a influências que estes exercem sobre adultos e crianças. Os tipos fabricados pela TV e pela internet são adotados pela sociedade, tornando-se referenciais importantes para milhares de pessoas.

Obviamente não é só o poeta que faz arte. O cantor, o compositor, o ator, a dançarina são artistas. Não é só o poema de cordel de Bráulio Bessa que é belo e que pode emocionar. As letras de um estilo musical oriundo da periferia podem ser belas. E há sem dúvida artistas de verdade em todos os becos e favelas, poetas que fazem uma poesia diferente da poesia de Bráulio Bessa. A crítica não é direcionada ao anônimo que se expressa de forma espontânea. Questionamos o fato de a mídia não apoiar o artista de verdade, entre os quais o poeta.


O que se questiona é a intencionalidade com que, a internet e, principalmente,  a TV leva ao público determinadas coisas. Temos visto todos os dias serem lançadas músicas que não são músicas, cantores que não são cantores e certas pessoas serem elevadas ao estrelato pelos motivos mais incompreensíveis. Em nosso meio é comum uma ex namorada de um jogador famoso, um participante de um reality show e uma mulher que colocou silicone nos seios e no bumbum serem apresentados como artistas . Por que não cedem este espaço ao cantor anônimo, ao músico talentoso ainda não revelado, ao ator que almeja ser reconhecido e aos poetas que se acumulam em todos os recantos deste país?


Um entretenimento vazio, descompromissado com a boa educação e com a arte é o que a mídia veicula nos nossos dias. Adultos, jovens e crianças, estão consumindo produtos falsos, vendidos pelos meios de comunicação de massa. O resultado já se pode perceber, basta perguntar a qualquer adolescente qual música ele costuma ouvir, de que artista  ele mais gosta, qual livro está lendo e qual filme mais gostou de assistir. As respostas confirmarão que o seu ponto de vista e seu gosto foram moldados enquanto assistiam à TV e navegavam na internet.


A beleza dos versos do poeta Bráulio Bessa neste Brasil tão poluído com músicas de péssima qualidade, com letras chulas e cantores sem noção, é um bálsamo para todos nós. Seu reconhecimento nos faz sonhar com um futuro em que o "besteirol" seja substituído pela poesia, em que os falsos artistas sejam substituídos pelos poetas. Se isto acontecer seremos mais felizes e nossos ouvidos agradecerão.


Por Adão Brandão

domingo, 17 de junho de 2018

FOLHEANDO COM O POETA CÉSAR WILLIAM


O peta César William ao microfone
falando durante um evento ocorrido na
escola em que é diretor.
César William nasceu  em São Luís em 1967. Estreou na literatura em 1988 com o livro de poemas "O errante". Ao longo de sua trajetória como escritor, participou de várias antologias poéticas. É professor, autor de ensaios, crônicas, contos... Já atuou como radialista e escreveu para vários jornais de grande circulação no Estado.



César Wlliam, Professor e poeta. Como surgiu o ser poeta?

A poesia me vem das coisas desencontradas que se encontram em mim, de uma solidão antiga que me fez amadurecer mais rápido que as crianças da minha época. Cresci presenciando o filosofar do meu pai, pedreiro, homem simples, mas de grande sabedoria, um ambientalista, ativista sem se dar conta do que é e do que fez em mim. Quanto aos livros, desde cedo fui cercado pelos grandes clássicos da Literatura estrangeira, nacional e maranhense. Tive a sorte de ter uma madrinha que adorava leitura, artes, cultura, Aricéia Moreira Lima.

Professor, fale nos de sua experiência com a literatura e dos poetas que contribuíram para o seu amadurecimento como escritor.

É uma experiência de sofrimento, de alegria e de  mistério, porque não posso me desassociar do ato de escrever, mas geralmente finjo para mim mesmo que me contento com o banal. Foram os geniais Fernando  Pessoa, Drummond, Florbela Espanca, Nauro Machado, Ferreira Gullar, Walt  Whitman, Emily Dickinson, Neruda, Mário de Sá Carneiro, Bandeira Tribuzzi, José Chagas, Salgado Maranhão, Paulo Leminski, Dostoievski... que me avessaram. Faço questão de misturar os maranhenses com os estrangeiros, pois quando os leio abasteço-me de uma vitamina que me atira para as laudas, aí, percorro trilhas e trilhas, perquirindo veredas mil.

Além de livros de poesias você já publicou livros voltados ao ensino do conteúdo da disciplina de Língua Portuguesa e de apoio ao professor. Quando sai uma nova publicação?

Estou em uma fase boa. Não me preocupo com publicações, mas em breve, ainda este ano publicarei. Como disse Manoel de Barros, "ser poeta é voar fora da asa". É isso que faço. Hoje opto por poemas mais sintéticos, busco apresentar uma sofisticação em que a logopeia e a fanopeia se desmancham em um armazenamento de ecos e cores, valendo-me do cotidiano, no assombro do que vejo nas pessoas ou nas coisas ou no sossego da esperança.
Escrever poemas para mim é um exercício que já não é só uma questão de "treino", mas de meio, um meio para eu chegar ao meu inteiro.

Gonçalves Dias Sousândrade e outros poetas geniais deram a São Luís o status de Atenas Brasileira. São Luís ainda é a Atenas Brasileira?

São Luís é uma mina de poetas. Isso não acabará nunca, porque a poesia que inunda nossos poetas é um ente que sempre está pedindo morada. Quanto ao título, é preciso que haja organização em torno do fazer literário. Somente organizados poderemos continuar com a tradição.

Há 30 anos a internet não tinha o poder que tem hoje, com suas redes e ambientes virtuais onde qualquer pessoa pode se fazer escritor nas horas vagas e ter contato com a escrita de outros milhares de escritores iniciantes. Como você ver isto?

Há barrismos, igrejinhas e muita confusão entre a verdadeira literatura e a literaturice que banaliza o ato de escrever, porque muitos ficam entre o fútil e o fácil.

O FEMA é um grupo criado em janeiro deste ano, o mesmo objetiva reunir escritores iniciantes de todo o Maranhão para discutir a literatura maranhense e incentivar a escrita em todas as suas modalidades. Estar surgindo uma nova geração de escritores aí?

Uma nova geração de escritores, não, um novo movimento que pode fazer com que novas e velhas gerações venham interagir. Pode ser que nomes sejam revelados, como o meu.

Por último, que conselho você daria aos escritores iniciantes que almejam evoluir e tornar-se escritores maduros?

Leitura, leitura, leitura, leitura, vorazmente leitura. LEITURA DOS BONS. 





quinta-feira, 7 de junho de 2018

POR UM TRIZ



Capa da Coletânea Sarau do FEMA Vol. 1,
uma homenagem à Obra Azulejos de
Nascimento Moraes Filho.

















Sempre que tentei escrever-te um poema
Pereci, sucumbi infeliz.
Não havia rima, palavra, fonema;
Qualquer coisa que não deixasse cicatriz.

Quando tentei escrever-te um poema,
Deparei-me com minha impotência.
Longo tempo até desistir.
Era tudo apenas latência;
Após dez anos, volto a insistir.

Aprendi que não existe poema perfeito.
Outrossim, quando olhares em um espelho
Vais perceber que o poema está feito!
E assim, ao seguir meu conselho,
Poderei finalmente concluir...

Agora que te escrevo um poema,
Entendo por que nunca o fiz.
Não se faz o que é feito, só se emblema.
O poema é você, Beatriz!

Autor: SOLON BASTOS

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Exposição Coletânea Poética Vol. I Sarau do FEMA


O Forte de Santo Antonio da Barra, na Ponta da areia, que hospeda o Museu da imagem e do som e o Museu das embarcações, até dia 05 de junho apresenta aos seus visitantes a Exposição Coletânea Poética Vol. I do Sarau do FEMA.

Quem passar por lá vai conhecer um time talentoso de escritores iniciantes que prometem reinventar e revolucionar a literatura maranhense.

A exposição proporciona momentos agradáveis de interação com a poesia contemporânea da eterna Atenas Brasileira.

Além de poder apreciar os poemas da Coletânea e desfrutar do bate papo com os poetas que a compõem, o visitante também poderá assistir ao Sarau que acontecerá das 17 às 19 horas no pátio do Forte.